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Dias Antes de Morrer, Clara Pinto Correia Revela Ter Sido Vítima de Violação na Noite de Natal

A escritora e bióloga Clara Pinto Correia, encontrada morta esta terça-feira aos 65 anos, deixou um dos relatos mais duros e íntimos da sua vida poucos dias antes de partir. No dia 25 de novembro, através da sua última crónica publicada no jornal digital Página Um, Clara expôs um episódio traumático que manteve em silêncio durante anos.

Na crónica da série A Deriva dos Continentes, a escritora celebrou a aprovação parlamentar que passou a classificar os crimes de violação como crimes públicos, mas aproveitou também para revelar a violência que diz ter vivido na noite de Natal de 2020.

“Há cinco anos atrás (…) foram dois tarados que juntaram esforços para tornar possível a minha violação”, escreveu, explicando que, após o crime, apenas confidenciou o sucedido à sua médica. “Pensei que, envolvendo-me bem no meu silêncio em torno deste nojo, estaria a proteger todos os familiares e amigos (…) que não haviam de querer andar a aturar histórias porcas de foi assim ou assado.”

Um Natal que Se Transformou em Terror

Na mesma crónica, Clara Pinto Correia descreveu o incidente traumático. Após participar numa festa na Malorada, tentou apanhar o expresso para Estremoz, mas, devido a informações contraditórias, acabou por perder todas as camionetas. Foi então que um homem se ofereceu para lhe dar boleia — gesto que, segundo contou, foi até incentivado por um guarda no local.

O que parecia uma ajuda acabou por se transformar num cenário de horror. Clara descreveu, com dor evidente, a agressão sexual que afirma ter sofrido, e de que resultaram marcas profundas e duradouras.

Trauma que Mudou a Vida

“Fiquei traumatizada até ao mais fundo do meu coração”, confessou. Na reflexão que partilhou com os leitores, admitiu que o acontecimento afetou drasticamente a forma como passou a viver os Natais e as relações familiares.

“Só agora é que reparo que fiquei mal, mas mesmo muito mal, depois do que aconteceu. (…) Nunca mais passei nenhum Natal com aqueles ajuntamentos ciclópicos de família de que gosto tanto. Tem sido sempre por motivos de saúde — mas, e se não fosse?”, desabafou, admitindo que o trauma “se instalou instintivamente”.

Na crónica, Clara dirigiu ainda um pedido de desculpas sentido à família e aos amigos, reconhecendo que o afastamento dos últimos anos estava diretamente ligado ao episódio violento que sofreu.

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