Carta aberta de um “incendiário ” torna-se viral

Um testemunho anónimo expõe os bastidores obscuros dos incêndios florestais em Portugal, revelando que, para alguns, as chamas não são tragédia, mas sim negócio.
“Chamo-me Pedro… ou talvez não. No meu ramo, ninguém usa o nome verdadeiro”, começa por dizer o suposto incendiário profissional, que afirma estar há dez anos a atear fogos sempre na mesma altura do ano. Mas garante: não se trata de uma obsessão pelo fogo, e sim de trabalho pago por clientes poderosos.
Entre os alegados financiadores, estariam grandes grupos de madeiras e celulose, empresas de reflorestação que recebem milhões em fundos europeus, construtoras interessadas em limpar terrenos para novos projetos, investidores que compram barato áreas ardidas para vender caro e até seguradoras que lucram com indemnizações. O próprio negócio do combate às chamas – com helicópteros, aviões e contratos milionários – também estaria na lista de beneficiados.
“O segredo? Arde hoje, planta-se amanhã, fatura-se depois. E ninguém pergunta muito”, denuncia. Segundo o relato, enquanto a sociedade procura culpados entre vizinhos ou fenómenos naturais, o dinheiro já circula entre empresas e investidores.
No fim da linha, quem perde são as aldeias, as florestas e as comunidades que vivem da terra.
O incendiário anónimo garante que só deixaria a atividade se o lucro mudasse de lado: “Se a floresta fosse mais rentável em pé do que em cinzas, o meu trabalho deixava de existir.”
Entre as soluções apontadas, estariam a aposta em árvores de maior valor comercial e resistentes ao fogo, culturas como frutos secos, mel, cogumelos e plantas medicinais, a criação de cooperativas locais e o incentivo ao turismo rural e de natureza.
Mas, até lá, alerta: “Enquanto o fogo der mais dinheiro do que a sombra das árvores, o meu serviço vai continuar a ser procurado.”








