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A dor silenciosa de Almeno Gonçalves: morreu sem reconciliação com a filha

Almeno Gonçalves morreu na madrugada desta quinta-feira, dia 27, vítima de um cancro no cólon. Entre os muitos papéis que deixou na televisão e no teatro português, ficou também uma dor profunda que o ator nunca conseguiu sarar: a relação distante com a filha Francisca, fruto da antiga relação com a atriz Rita Salema.

Os dois nunca foram próximos e, nos últimos anos, o afastamento tornou-se definitivo. A prova disso surgiu em julho deste ano, quando Francisca se casou com o companheiro de longa data, Salvador Melo. Almeno não esteve presente e nem sequer foi convidado. Coube a Rita Salema acompanhar a filha ao altar, quebrando a tradição de ser o pai a conduzir a noiva pela igreja.

Ao longo dos anos, o ator falou várias vezes desta ferida aberta, sempre com uma mistura de resignação e tristeza. Recordou que, após a separação, Francisca ficou naturalmente mais ligada à mãe, mas garantiu que a distância entre ambos ia muito além disso:

“Ela pensa o mundo de uma maneira, e eu de outra, e isso naturalmente afasta-nos.”

O ator, contudo, insistia que não alimentava mágoas. Numa entrevista ao Alta Definição, em conversa com Daniel Oliveira, confessou o conflito emocional que sempre sentiu:

“Há um misto muito grande de emoções: ‘quero estar contigo, quero abraçar-te’, e outra coisa que me diz ‘mas tu não queres estar comigo’. Nunca tive uma grande conversa com a minha filha, e gostava de ter um dia. Não tenho uma proximidade com ela. Acho que ela não gosta assim tanto de mim. Não me recordo que alguma vez me tenha dito ‘amo-te’.”

Em 2021, numa entrevista à TV Guia, Almeno revelava já não saber se queria ou não tentar recuperar essa relação — não por desistência, mas por respeito.

“A única coisa que quero é que a minha filha seja feliz. Mais nada. Se a sua felicidade passar por alguma incomunicação comigo, fantástico. Não tem problema nenhum. Quero que ela seja muito feliz e acho que está a ser.”

Com a sua partida, fica a memória de um ator marcante e a sombra discreta de uma dor íntima que o acompanhou até ao fim.

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